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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Palmeiras padece de deficit democrático, diz ex-presidente do clube

      Para os palmeirenses que acompanham desconsolados a crise na qual seu clube está afundado, uma notícia ruim a mais: não há perspectiva de muitas melhoras, pelo menos no curto prazo.

     E o problema vai muito além do endividamento, hoje estimado em R$ 130 milhões, ou do racha no elenco, ocasionado pelo afastamento do atacante Kleber.

     "Há um déficit profissional e um déficit democrático", disse o ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo, professor de economia na Unicamp, conselheiro da BM&F, da Fapesp e da TV Brasil, além de consultor pessoal de Lula.

     Belluzzo assumiu a presidência em 2009 como promessa de modernização. Saiu, no fim de 2010, sem nenhum título e com um saldo de contas a pagar pelo menos quatro vezes maior do que quando entrou, segundo o vice-presidente financeiro do Palmeiras, Walter Munhoz.

Letícia Moreira - 9.nov.11/Folhapress
O ex-presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, em seu apartamento
O ex-presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, em seu apartamento em São Paulo

     "Belluzzo deixou um saldo negativo bancário de R$ 1,3 milhão e dívidas vencidas de R$ 50,5 milhões", afirmou. Ainda ficaram famosos os episódios em que perdeu a compostura: xingou um juiz e chamou os são-paulinos de "bambis" em festa da organizada Mancha Alviverde.

    "É que o futebol acaba mudando minha forma de ser", afirmou, resignado, o professor, na sala de seu apartamento em São Paulo. Belluzzo fala em "balcanização do poder" no Palmeiras, reclama da falta de alternância no comando, clama por eleições diretas e elogia a gestão corintiana, mas sem deixar de alfinetar o rival.

Folha - O que a experiência no Palmeiras lhe ensinou?
Luiz Gonzaga Belluzzo - Eu diria que o clube padece de um deficit de profissionalismo e um deficit democrático. Dado o caráter restritivo do estatuto, você tem uma circulação perversa de elites, entre aspas, no Palmeiras. São sempre os mesmos circulando em torno do poder, e eu me incluo nisso. Essa troca de favores impede que você se profissionalize e não abre espaço para que gente mais nova tenha chance de acesso.
Mas isso é incontornável?
Agora estamos postulando eleições diretas no clube, com a participação dos associados, estendida aos sócios- -torcedores. No Corinthians, é assim, no Inter também. Porque hoje são indiretas, o que gera um processo de negociação política que só atrapalha. Essa prática não saudável acaba invadindo o vestiário, cria insegurança, contamina o ambiente.
O que mudou da gestão atual para a sua?
Estão submetidos aos mesmos percalços que a minha. O Arnaldo Tirone foi eleito por determinado arranjo político e, logo depois, por razões insondáveis, mas não desconhecidas, houve uma dispersão das forças que o apoiavam --muitos viraram oposição. Um abandono de responsabilidade. Então, você tem uma balcanização do poder, fenômeno curiosíssimo. É o cúmulo da patologia social, uma anomalia. O problema é que o presidente está submetido a um conjuntos de forças que se anulam, e isso joga o clube em uma situação incontrolável.
O que acha do time de futebol?
Em clube de futebol, quando a coisa vai mal, começa a ir pior. Quanto mais perde, mais difícil reerguer. O grau de pressão, tensão e irracionalidade começa a aumentar. Acontece com todo clube que tem essa estrutura administrativa desequilibrada, com as aspirações de sua torcida, que não pode influir nas decisões, e uma gestão precária.
E os jogadores?
Tem jogador chorando no vestiário após as derrotas. A instabilidade e a disfunção dentro do elenco é clara. E aí ocorre o medo, a fuga da responsabilidade, a bola começa a queimar no pé. Uns estão completamente aturdidos, outros, insatisfeitos.
Em que medida Luiz Felipe Scolari é responsável? Ele faz um bom trabalho?
Pelos resultados, não, né? Não está dando certo. Mas é difícil você atribuir responsabilidade a ele. O Felipe carregou encargos que não tinha que carregar. Ele é um técnico de futebol, mas teve que administrar assuntos que caberiam a outro profissional, um tipo manager. Acumularam-se nas costas dele responsabilidades para estabilizar até emocionalmente o time. Fez falta alguém que chegasse para funcionar como algodão entre cristais, nesse caso do afastamento do Kleber.
Essa pessoa não existe?
Você tem o Roberto Frizzo, que é diretor amador, um não especialista, conselheiro do clube que virou diretor, mas não está lá exercendo a função profissionalmente. Ele tem a função diretiva, não quero excluí-lo. Mas precisa ter uma pessoa que fique lá o dia todo, que cuide, que se interesse pelos problemas dos jogadores. A chegada do César Sampaio para gerenciar o futebol vai ajudar muito nesse sentido.
E o elenco?
Tinha condições de chegar em quarto ou quinto lugar [no Brasileiro]. A média salarial é a mesma do que dos outros grandes de São Paulo.
Acha que o Corinthians está sendo melhor gerido?
Não é que o Corinthians esteja salvo de confusões. Mas, na parte de marketing, sem dúvidas, montaram uma estrutura muito competente. Agora, nosso projeto da Arena escapa ao padrão porque não tem um tostão de dinheiro ou benefício público. O Itaquerão tem.
Como enxerga sua gestão?
O esforço de reforçar o time, trazendo jogadores, não foi bem-sucedido. Mas não me arrependo, fiz tudo que tinha que fazer. Se quiser se manter no topo, não pode fazer opção pelo bom e barato, tem que arriscar, contratar jogadores de ponta. Não pode pensar pequeno.
Mas a dívida do clube, de acordo com a gestão atual, quadruplicou.
Essa história das contas é outra trapalhada que revela incompreensão. O Palmeiras aumentou receitas de patrocínio em quase 200% em minha gestão. E, se não cair para a segunda divisão, tem um potencial de faturamento, entre patrocínio e direitos de transmissão, de R$ 600 milhões nos próximos quatro anos. É preciso enxergar os números em perspectiva.


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